segunda-feira, 6 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Maldição de Silla

A Maldição de Silla

Capitulo 01


Certa vez um desejo de um só ser mudou a vida de milhares de pessoas por quase mil anos... Mas um sentimento puro, o encontro de dois corações banhados no sangue e na dor mudou o destino de todos.
O amor é capaz de mudar tudo até mesmo de quebrar a mais terrível das maldições.


Em um reino que ficou esquecido num mundo onde a magia reinou absoluta e regia a vida dos habitantes daquele lugar, uma coisa aconteceu e tudo mudou.
Um dia seres supremos que tinham o poder de dominar os elementos e magia criaram um lugar, tudo era lindo, havia poucas pessoas algumas sozinhas em sua jornada quase eterna, outras se juntavam em pequenos grupos que montavam vilarejos e outras levavam uma vida nômade, migrando sempre, mas naquele tempo tudo era possível, mesmo no deserto mais quente e árido a água brotava do chão para os que tivessem sede, das montanhas mais distantes e altas caminhos surgiam, até mesmo os lugares mais sombrios e escuros o calor e a luz límpida do Sol alcançava. Tudo era possível, não existiam doenças, angustias pragas, aquelas pessoas não sabiam o que era a morte, crianças brincavam em meio à vegetação, cresciam e cuidavam da terra, da água e dos animais, quando envelheciam demais partiam pelo mundo e se fundiam com ele.
O equilíbrio era perfeito, tudo era mantido assim pelos seres supremos que se dedicavam dia e noite, distribuíam a magia por igual para manter a mais perfeita harmonia sem que os habitantes soubessem nada a respeito de sua existência.
Um desses espíritos, um dos seres supremos olhava para aquela terra mais do que os outros, ele amava tudo aquilo, as pessoas, o amor entre elas, a harmonia delas com as plantas e animais, lá era diferente dos outros mundos que ele já havia observado antes, ele amava tanto a terra do Sol, onde quase não havia escuridão que passou a querer fazer parte de tudo e seu desejo foi mudando, não desejava mais usar seu grande poder pela harmonia total, passou a desejar estar no meio das pessoas, fazer parte daquele mundo, ser mais um pequeno serzinho dali.
Durante anos as coisas foram mudando, as terras da primavera eterna esquentou com desejo dele conheceram então os habitantes dali o verão, Sol intenso e muita chuva, quando ele tentou acalmar seu desejo conheceram o outono que os recolhia mais cedo para suas casas, tocas ou esconderijos, uma leve garoa fria os cobria a tarde, até que ele se sentiu triste demais e não queria mais ser um criador e sim uma criatura, foi então que todos conheceram o inverno, que era frio e mais nublado, com o tempo a chuva fina congelou se tornando neve branca que cobria e congelava os campos e escondia os alimentos, o Sol aparecia por horas e por outras horas ficavam na escuridão, tamanha era a penumbra no coração daquele ser supremo.
Em uma manhã de inverno muito rigoroso, pessoas faziam orações que não eram mais atendidas, se sentiram sozinhas e desprotegidas e o medo, a angustia e a fome os tomou, mas para outro ser um caminho novo, cheio de luz e esperança começava, pois naquela mesma manhã fria uma mulher deu á luz a um menino que carregava algo que mudaria o rumo daquele mundo.
Um sopro gélido tomou conta de tudo, mas ninguém, nem mesmo os outros seres supremos desconfiaram de nada, aquele menino cresceu e se tornou homem, o mais amoroso com sua família o mais determinado entre os outros, mesmo no calor mais quente e na fartura quanto no frio mais intenso e na fome ele era o mais belo, se destacava por sua enorme vontade de lutar e vencer, uma enorme vontade de viver, isso o destacou e fez com que muitos o seguissem como um líder, seu amor pela vida era tamanho que despertou a atenção e olhares dos seres supremos que finalmente descobriram o que deu errado naquele mundo que outrora era perfeito.
Eles conheceram a morte, uma criança morreu e mesmo o jovem vendo o sofrimento de todos ele desejava ficar ali, os desejos dele passavam por cima de tudo e ele foi castigado a viver ali, nunca morrer até que surgisse alguém que o aprisionasse onde ele sofreria por seus atos impensados, a magia foi banida daquele lugar e os seres supremos abandonaram aquele mundo cheio de vida e partiram para a vastidão do universo.
Naquele tempo houve um jovem que era corajoso e guiava muitas pessoas sob seu comando ele era fazendeiro na infância, seu nome era Mateus, um belo jovem um olhar frio sem sentimentos, ele tinha longos cabelos ondulados que lhe caiam sobre o rosto, a pele queimada do Sol, olhos verdes muito intensos, ele foi o primeiro homem a domar animais para servir o homem, ele usou os cavalos para transportá-lo, ele conheceu o ser supremo e o observava, ele conseguiu dominar a magia sozinho, o ser supremo lhe contou a verdade sobre a criação daquele mundo e como ele dominava a magia e os elementos o ensinou e ele então matou o ser supremo e o prendeu em um dimensão obscura. Depois disso Mateus forjou armas e com elas matava quem se opunha em seu caminho, anos depois ele se tornou o primeiro rei, era cruel e impiedoso, todos os temiam, mas existia um outro homem que também, dominava a magia e o derrotou e prendeu seu espírito no mesmo lugar que ele prendera o espírito do ser supremo, seu nome era Oscar, desde então todos os descendentes dele se tornaram Reis.
Oscar lutou e unificou as terras formando o primeiro reino livre e independente de magia ou de seres supremos, ele criou leis e proibiu com pena de morte o uso de magia, Oscar viveu quinhentos anos e seu bisneto se tornou Rei, este não viveu muito cem anos e teve um filho chamado Dario que se tornou Rei.
Dario era justo quando jovem, mas tinha muitas idéias, criou ministérios, títulos de nobreza para aumentar seu poder e fortuna, mantinha seu povo sob rédeas curtas, criou classes sociais, nomeou nobres para cuidarem de parte de suas terras e controlarem as pessoas que nelas viviam, passaram a cultivar a terra, Dario teve um filho o qual recebeu o nome de Silla, um garoto astuto e muito curioso, adorava livros, seus espírito era livre e ele gostava de grandes aventuras, seu tutor era um estudioso que se interessava muito por magia e estudava sobre este tema em segredo e sempre falava deste assunto com o jovem príncipe Silla.
_Será que tudo isso foi verdade mesmo Miguel?_pergunta Silla com seus grandes e expressivos olhos verdes, apenas oito anos, mas gostava muito de ter conhecimento.
_Claro que sim, como acha que Mateus o impiedoso formou e governou este país?_faliu Miguel um homem já vivido, cerca de cinqüenta e oito anos, cabelos grisalhos, magro e alto.
_Mas toda a magia foi banida mesmo pelo Rei Oscar?
_Claro que não Silla, jovem príncipe, no começo de tudo não existiam as estações do ano, nem a morte, a magia ainda existe.
_Acha a morte mágica?
_Não garoto, é que antes não temíamos a morte e não tinham preocupação, agora aproveitamos melhor nossas vidas com medo da morte chegar.
_E o ser supremo vai ficar aprisionada para sempre?
_Isso eu não sei, melhor você ir para as aulas de esgrima ou seu pai vai se aborrecer.
A noite jantavam apenas Silla e seu pai o Rei Dario, ele era justo, até onde sabiam, e bastante firme e decidido, sua esposa havia adoecido fazia três anos, agora ela mal podia andar, seu filho Silla era quem mais sofria, antes de dormir Silla foi ver sua mãe, ela usava vestimentas brancas, sua pele que já era clara parecia porcelana fria pela palidez, suas feições estavam carregadas, seu rosto bastante magro, seus grandes olhos azuis era o que mais ficava ressaltado.
_Mamãe posso entrar?
_Claro que pode meu bem. _falou ela com a voz fraca e suave, Silla se aproxima e segura as mãos dela, eles se olham por alguns momentos até que Luana fala:
_Eu me sinto melhor hoje meu bem.
_Eu sei, logo vai melhorar mamãe.
_Vá dormir, amanhã você precisa estudar cedo.
_Boa noite mamãe.
_Boa noite meu bem.
Silla gostava muito de estudar sobre magia embora fosse assunto proibido em cada canto daquele reino, ele até tentava praticar alguns rituais escondido, mas também se dedicava a estudar esgrima, cavalgadas e táticas de reinado e guerra, que eram assuntos que seu pai achava pertinentes a um Rei. Também escondido Silla estudava medicina alternativa com um velho feiticeiro e foi fazendo rituais e dando remédios para sua mãe, que o feiticeiro lhe ensinou a fazer, quando ele completou doze anos finalmente sua mãe se levantou da cama e saiu para fora ver os campos verdes e sentir o vento em seu rosto novamente.
_O que significa isso? _pergunta o Rei Dario ao se aproximar do castelo e ver sua esposa de pé.
_Ela está se curando pai.
_O que você anda aprontando Silla?
_Que é isso Dario ele me curou.
_Com magia negra? Era melhor que tivesse morrido a ele usar magia dentro de minha casa.
_Que absurdo pai, prefiro a vida de minha mãe.
_Entrem os dois e vamos conversar sem ouvidos alheios nesse assunto.
_Conversa com minha mãe eu estou indo.
_Volte aqui Silla.
Mas Silla corre e se afasta Luana olha seu marido com seus grandes e expressivos olhos azuis cheios de lágrimas.
_Preferia mesmo que eu morresse?
Ele nada responde apenas a abraça, aninhando em seu peito e depois a beija e a conduz para o grande salão de festas, eles atravessam em silencio e sobem as escadas para seus aposentos.
_Estou feliz que esteja bem, se cuida eu tenho coisas para resolver quando eu voltar conversamos.
Dario deixa a esposa e se retira, ela se levanta da cadeira em que sentara e entra por uma porta falsa onde o Rei realmente dormia, local que ela não visitava a quase dez anos, ela toca as roupas de cama, havia um grande baú ela abre e pega as roupas que eram de tecido fino cravejados de pedras preciosas, bordados com frios de ouro.
O Rei Dario atravessa um comboio de soldados que preparavam os cavalos para vigia noturna, ele era um homem imponente, alto, pele morena, cabelos e olhos negros, usava vestes com tons azuis, bordados com ouro e fios de seda muito fina que davam detalhes e denotava a nobreza de seu título de Rei, ele se aproxima do capitão falando:
_Viram meu filho?
_Ele passou por nós majestade, quer que eu mande um dos soldados procura-lo senhor? _fala o capitão fazendo reverencia.
_Sim traga ele até aqui, dia que é uma ordem.
_Sim majestade.
Silla se embrenhou na mata, não era muito densa próxima do castelo, ele atravessou um caminho de plantas, do tipo arbustos que soltavam espinhos por sua extensão, mas ele sabia caminhar por entre os arbustos, até que ele chegou numa parede viva de plantas um rio passava por ali,ele mergulhou saindo do outro lado onde o rio crescia, seguindo as plantas cujo espinho era venenoso, seguindo a cerca viva dos arbustos perigosos estavam as muralhas e o grande portão do castelo do Rei Dario, Silla buscava a cabana do velho feiticeiro e correu até chegar, suas roupas secaram por si só, chegando na cabana a tarde estava caindo e com ela um frescor que aliviava o calor que fizera horas atrás, o velho estava com o rosto e boa parte do corpo pintados e dançava sem ritmo, estranhamente em volta de uma fogueira que ele jogava pétalas de flores secas, Silla fica olhando até que resolve entrar sorrateiramente na cabana do velho e começa a olhar as prateleiras repletas de vidros com ervas, líquidos e alguns com líquidos que continham algo boiando, algo que não se podia identificar com exatidão, poderia ser raízes, frutos ou até mesmo seres, como animais ou pedaços deles, havia uma mesa, a rede onde dormia o curandeiro, muitos galhos secando, outros já secos e uma prateleira de madeira talhada rusticamente, porém bastante forte e resistente, nela estavam muitos livros, um chamou a atenção dele pelos símbolos e, um olho de ouro, sem pensar muito Silla o toma nas mãos, mas estava trancado e ele não viu fechadura por onde se pudesse colocar alguma chave para abrir, ele toca o livro em todos os locais que via e nada, ele coloca o livro na mesa e começa a tocar os vidros empoeirados, mas sua atenção se focava naquele livro intrigante, seria aquele um legitimo livro mágico? Aquele olho de ouro em relevo na capa de couro parecia hipnotizá-lo e ele tocava com a ponta dos dedos e a poeira do livro ficava em seus dedos, haviam dois fechos de ouro,mas nenhum sinal de que pudesse abrir, o curandeiro entra na cabana assustando Silla que larga o livro que acaba caindo no chão, o velho abaixa e pega o livro e encara Silla.
_Ficou curioso?
_D.Desculpe, eu não ia levar comigo.
_Mesmo que levasse, ninguém pode abrir não esse livro.
_Por quê?
_Porque ele contém os segredos sobre os seres supremos criadores deste mundo.
_Como sabe se não abre?
_Porque foi um deles que ensinou um homem tudo, este homem selou e só o escolhido que domine a magia interior e exterior pode abri-lo.
_Existe tal escolhido?
_Ah sim! E é bem possível que seja alguém de sua família.
_O que?
_É, seu pai o grande Rei Dario descende de Oscar que era filho do ser supremo que veio morar entre nós.
_Isso é verdade?
_Sim, é verdade sim.
_Entre nós, então é verdade mesmo que existiram tais seres e um deles veio morar entre nós.
_Sim, leve com você o livro, mas ferramenta alguma pode abri-lo.
_Do que adianta um livro que não se pode ler?
_Se pode ler, basta ter o desejo tão forte quanto o do ser que deixou tudo pelo seu sonho, sua vontade foi forte o bastante, agora vá e esconda este livro.
Sem saber por que Silla correu como se fugisse de algo perigoso, no castelo já estava anoitecendo quando o soldado voltou e falou à seu capitão que não achou o príncipe.
_Majestade os soldados não acharam Silla.
_Eu sei onde ele se esconde, procurem e matem aquele curandeiro.
O capitão consente com a cabeça e ele juntamente com um grupo de soldados se afasta na direção do portão enorme que separava o castelo da cidade mais próxima.
O castelo era localizado no alto de um penhasco, tendo como único acesso a grande muralha cujo portão era bem guardado, próximo haviam arbustos cujos espinhos continham veneno que matava quem se ferisse algumas vezes, uma densa floresta e muito antiga fazia parte e se estendia a leste do castelo, era tão verde que se chamava Floresta Esmeralda, com árvores tão velhas de folhagem tão densa que os raios do Sol mal tocavam o chão, o ar na floresta era doce, com aroma forte de plantas, mato, de verde, era sempre úmido e escuro, nenhum homem penetrava aquela floresta e voltava para contar o que achou, tanto que diziam que as árvores lá eram vivas e devoravam os invasores, a oeste se localizavam grandes montanhas intransponíveis e em suas bases grandes construções na pedra, lá ficavam os soldados de elite do Rei, ao norte ficavam as muralhas e a estrada para a cidade e ao sul ficava o penhasco, cuja queda dava na parte mais densa e verde da floresta Esmeralda, o que chamava a atenção era uma única árvore que apenas uma vez por ano ficava dourada por suas flores, era um ponto brilhante e iluminado no meio daquele verde escuro, parecia o próprio Sol em meio à penumbra.
O castelo do Rei era feito de blocos de pedra, acoplados um a um na mais perfeita e plena harmonia, tinha quatro torres que cortavam a nevoa que às vezes subia da floresta.
Silla escondeu o livro no caminho, num local por entre os arbustos espinhentos, quando se aproxima do castelo a noite já havia caído e o Rei o esperava, sentado em seu trono no majestoso salão de festas, quando Silla chega é recebido pelo general que o conduz até a presença do Rei.
_Onde esteve Silla?
_Andando, queria pensar.
_Sei que procurou aquele feiticeiro, só não sei ainda como faz para sair sem ser notado.
_Que é isso pai.
_Estou falando com você não como pai, mas como Rei, não vai mais procurar aquele velho Silla.
_Eu não... _mas o rei o interrompe dizendo:
_Como estava dizendo, não vai mais procurar aquele homem porque ele está morte agora.
_O que? Não pode fazer isso.
_Claro que eu posso, sou o Rei.
_Ele não fez nada, ele não tem haver com nada.
_Você vai parar de agir como um moleque e vai aprender a ser Rei, você é meu único herdeiro e saia da minha frente.
Silla vai ver sua mãe que estava linda, arrumou os cabelos, colocou um vestido digno de uma rainha e ao vê-la tão radiante secou as lágrimas e se aproximou.
_Por onde andou filho?
_Procurava ervas minha rainha.
_Eu já estou bem, não afronte seu pai com esse assunto.
_Claro ele é o Rei.
_Agora ele é, mas um dia será você no lugar dele.
Silla deixa sua mãe sozinha sem falar nada, Luana não deixou aquela cena mudar seu humor, desceu até o salão de festas ao encontro de seu marido que a vê-la se aproximar tão linda e cheia de majestade a toma nos braços e dançam, os criados trazem bebidas, mais tarde eles se retiram para seus aposentos secretos e lá se amam como não faziam há mais de dez anos, para Luana parecia que o tempo não havia passado, ela permanecia bela e jovial.